Foto: Badalo |
O Ministério Público Federal
(MPF) conseguiu decisão judicial que condena nove pessoas acusadas de fraudar o
sistema de cotas da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em Juazeiro do Norte
(CE). Com a sentença, foram anuladas as matrículas de três estudantes que
ingressaram no curso de medicina em vagas destinadas a alunos de escolas
públicas com a apresentação de documentos fraudados. Além de serem expulsos da
universidade, os estudantes terão de pagar multas que chegam a R$ 300 mil.
A investigação do MPF apurou
que, apesar de estudarem quase que integralmente em escolas privadas durante o
ensino médio, os três estudantes transferiam-se, ao final de cada ano letivo,
para a Escola de Ensino Fundamental e Médio Padre Amorim, que fica no distrito
de Jamacarú, no município de Missão Velha, distante 510 km de Fortaleza. Com a
transferência, eles obtinham certificado de conclusão e realização do ensino
médio em escola pública, o que lhes permitiria declarar falsamente à UFCA que
teriam cursado o ensino médio integralmente em escola pública e, assim,
concorrer às vagas destinadas às cotas sociais exclusivas para esta modalidade. Além dos três estudantes,
também foram processados pelo MPF os pais dos estudantes, como responsáveis. Na
sentença, o MPF ainda obteve a condenação dos estudantes e dos pais ao
pagamento de até R$ 300 mil para ressarcimento dos recursos públicos que foram
investidos nos discentes durante o período em que eles estiveram em graduação
na UFCA, com acréscimo de juros e atualização monetária. De acordo com o procurador da
República Rafael Ribeiro Rayol, autor da ação, os demandados “subtraíram vagas
destinadas a estudantes oriundos da rede pública de ensino”, o que se configura
como “um ato extremamente danoso para o meio social e capaz de trazer enorme
abalo moral aos integrantes da classe social prejudicada, que além dos
percalços normais, veem-se obrigados a enfrentar alunos de escolas privadas
dentro do nicho que lhes era, em tese, exclusivo”. Mães de dois estudantes foram
denunciadas criminalmente - Além da ação civil pública, o Ministério
Público Federal entrou com denúncia contra as mães de dois estudantes. Ambas
estão sendo denunciadas pelo crime de falsidade ideológica por terem fraudado
documentos que facilitaram o ingresso dos filhos no curso de Medicina na
Universidade Federal do Cariri (UFCA). Elas declararam que os filhos teriam
cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, tendo a investigação
comprovado que os estudantes cursavam o ensino médio no colégio Objetivo e
Nossa Senhora de Fátima, em Juazeiro do Norte e Barbalha, respectivamente, com
transferências para a escola pública Padre Amorim ao final de cada ano letivo,
geralmente no último bimestre. Os estudantes, por serem
menores de idade na época dos delitos, não podem ser imputados criminalmente.
As mães que assinaram os documentos ideologicamente falsos respondem pelos
crimes de falsidade ideológica. As punições previstas são de reclusão de um a
cinco anos e pagamento de multa, de acordo com a natureza do documento
fraudado. Número do processo:0800263-63.2020.4.05.8102 Assessoria de Comunicação Ministério
Público Federal no Ceará
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