A Chapada do Araripe é símbolo para
todo o Nordeste brasileiro, em especial para os cratenses; poetas e trovadores
já cantaram e cantam seus encantos, fontes e belezas; desde os primeiros
habitantes aos mais recentes turistas que visitam este patrimônio mundial, que
com seu imenso paredão de braços abertos recebe a todos que visitam o Cariri
com seu forte amplexo.
Em processo prolongado de estiagem que
toma o Ceará, quase cinco anos de chuvas abaixo dos índices normais de
pluviosidade, tornando inclusive o Vale do Cariri muito mais árido e quente
como nunca registrado. A falta de água que assola as comunidades e cidades
inteiras, que se ressentem de não possuir tão majestosa Serra com seu sopé
tomado por fontes.
Todo sentimento de pertença que os
caririenses possuem pela Chapada foi tomado por comoção; diante dos vários
focos de incêndios já registrados nas matas, as chamas que tomaram o grande
paredão nos dias seis e sete últimos foram avassaladoras e aterrorizantes,
sobretudo, quando há a expectativa de tal perda ser proveniente de um nefasto
ato criminoso. Quando o mundo clama por verde e ar puro, tresloucados põem fogo
no mais importante espaço ambiental da nossa cidade, assolando as matas,
sacrificando a fauna e comprometendo o aquífero.
Mas, diante do caos que se instalou,
quero aqui reverenciar os moradores e os profissionais bombeiros e brigadistas
que envidaram todos os esforços para conter e controlar as chamas que consumiam
a nossa Chapa. Quando o Crato sofre com a temperatura de quase 40ºC
diariamente, ao nascer do sol do dia oito, os 32 heroicos trabalhadores que
combateram as chamas durante 48 horas, com certeza - exaustos pelo revezamento
e mudança de área e trajetos, na luta impiedosa para vencer o fogo que consumiu
30 hectares do sopé ao paredão da chapa, desde o primeiro dia do inicio dos
focos. O povo do Crato, cidadãos e cidadãs, as instituições devem em ato de
reconhecimento se abraçarem para comemorar o fim do incêndio, a esses senhores
que em nome das atuais e novas gerações brigaram com as forças da natureza para
vencer a catástrofe.
E ainda parabenizá-los em uma
celebração, que enalteça o alívio dos que tiveram noites dedicadas às causas
ambientais, e, principalmente humanas; homens que não sentaram nem para comer
em marmitas, nem descansaram um pouco. Afinal, o trabalho e o arrojo não
mediram horas nem condições. Com uma mão de carinho a natureza os presenteou
com uma pequena chuva e neblina para o resfriamento da área. O fim do incêndio
mudou o cenário: o clima de alívio tomou conta de toda a equipe, dos moradores
e todos os munícipes.
Poucas referências foram feitas ao ato
profissional, mas, fundamentalmente, heroico. As redes sociais difundiram o
evento, mas faltou veneração cabível ao brigadistas, bombeiros e civis que
integraram o grupo que tinha um único objetivo: acabar logo com os danos
provocados pelo incêndio que mais do que nunca entristecia a cidade.
A integração e força de vontade
possibilitou a união necessária para movimentar mangueiras, transportar
materiais, servir a quem está cansado, trazer conforto à pessoas expostas. O
comburente, nesse caso, foi coragem de chegar tão perto do perigo.
Aqui quero aclamar os voluntários que
tomados pelo sentimento de fazer o melhor de si por todos e que trabalham em
beneficio do próprio planeta não tiveram receio de usar sua força e seu suor.
Que o esquecimento não seja tomado pelo
tempo que vai passar; o importante é que a cidade nunca esqueça - dos militares
e civis que nos orgulharam e por um ato de bravura ajudaram a apagar o maior
incêndio da nossa floresta. A certeza do dever cumprindo é a prova da vitória
contra o medo e a resposta certa é cada um fazendo a sua parte em busca do
coletivo de esperanças.
Saudações aos Bombeiros e Brigadistas
do Crato
Sergio Ribeiro
Consultor