Há
quem afirme que o mais grave problema do Brasil, tirante a corrupção, é a
descontinuidade administrativa – a cada governo mudam-se os planos e o que
existia, independentemente de ser positivo ou não, é logo descartado.
Mas,
o que dizer quando a inconstância ocorre no mesmo governo, em decorrência das
inúmeras mudanças de secretários?
No
último final de semana, o enfermeiro Lucimilton Macedo (Miltinho) deixou o
governo municipal do Crato sob o argumento de dar mais assistência à família.
Ele foi o terceiro secretário de Saúde nesta gestão. Também tivemos um entra e
sai de secretário na pasta do Planejamento. Robério Nogueira saiu para dar
lugar a Luciano Saraiva que teve de sair porque Robério não podia mais assumir
uma vaga na Câmara Municipal visto que fora expulso do PC do B.
As
inúmeras mudanças de titulares tem provocado um verdadeiro caos administrativo
na Princesa do Cariri. Conforme levantamento
feito por este blog, nestes quase três anos de governo, ultrapassa a trinta o número
de assessores no primeiro escalão do Executivo, sendo que a maioria deixou o
governo por conta própria, suscitando questionamentos sobre a forma do prefeito
conduzir a máquina administrativa.
Do
staf administrativo somente não sofreram alterações as pastas de Assistência
Social, Cultura, Cidades, Desenvolvimento Econômico, Gabinete, Governo e
Limpeza Pública.
Para
se ter uma ideia do quanto é prejudicial
este entra e sai de secretários, o município do Crato, de acordo com avaliação
do Spaece, ocupa a sexta pior colocação do ranking em aprendizado, perdendo, na
Região Metropolitana do Cariri, apenas para Juazeiro do Norte, que está em
último lugar no Estado do Ceará. A pasta da Educação foi a que mais mudou no
atual governo. Está no seu quinto titular e, como sabemos, a cada mudança,
também se verifica alteração na assessoria e equipes técnicas, que nem sempre adotam
o plano de trabalho em curso.
A
área da saúde, que a partir desta semana conta com seu quarto comandante,
também vem sendo alvo de críticas de populares através dos veículos de
comunicação. As reclamações são desde a falta de médicos até medicação, gazes,
garrotes e luvas nos postos de saúde.
Uma
greve foi anunciada para esta semana porque os servidores municipais não
suportam mais conviver sem um calendário de pagamento, demonstrando a falta de
capacidade de gerir uma simples folha.
Esses
são alguns dos problemas gerados pelo executivo municipal que não consegue
“segurar” seus principais assessores. O prefeito Ronaldo Gomes de Matos precisa
fazer urgentemente uma reflexão sobre onde está o erro para este entra e sai de
secretário, dando um basta nisso e realizar uma administração descentralizada,
transparente, compartilhada, ouvindo seus assessores, entidades não
governamentais e, principalmente, a população.
São
muitos os atores políticos e sociais preocupados com o descarrilamento da
locomotiva administrativa e dispostos a dar a sua contribuição para colocá-la
mais uma vez nos trilhos do desenvolvimento econômico sustentável e de justiça
social, recuperando, pois, o tempo perdido, porque, ao contrário do jargão
futebolístico, ninguém corre atrás do prejuízo.
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