Seminário promovido pelo MPF/CE vai subsidiar plano
de ação para Saúde em Juazeiro do Norte
Com a
área da saúde sob intervenção desde abril passado, o municÃpio de Juazeiro do
Norte (CE) enfrenta graves problemas para oferecer serviços adequados para a
população. Em busca de atendimento, muitas pessoas ingressam com ações na
Justiça ou com denúncias nos Ministérios Públicos ou nas Defensorias Públicas.
A judicialização da saúde foi tema um seminário promovido, na cidade, pelo
Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE), nessa terça-feira, 19 de maio.
Profissionais
das área de Direito e Saúde que trabalham em órgãos públicos em Juazeiro do
Norte discutiram formas de amenizar os impactos gerados pela judicialização e
pelo não cumprimento de decisões judiciais na gestão e na qualidade dos
serviços do setor.
Para o
procurador da República Rafael Ribeiro Rayol, para evitar que o cidadão busque
na Justiça o tratamento que é assegurado pela Constituição Federal, o MunicÃpio
precisa primeiro garantir transparência na prestação dos serviços. "Quando
não for possÃvel oferecer o tratamento, que não só encaminhem, mas que possam
dar repostas aos pacientes, informando como está o agendamento da consulta, da
cirurgia, o pedido de medicamento", explicou. "É preciso fazer com
que a população tenha confiança no sistema de saúde", completou.
A
audiência contou com a participação do subprocurador-geral da República e
procurador federal dos Direitos do Cidadão Adjunto, Humberto Jacques, e da
doutora em Saúde Pública e professora da Universidade Federal Vale do São
Francisco Ângela de Oliveira Carneiro, auditora nomeada pela Justiça Federal
para coordenar, junto com o MPF, o trabalho de intervenção em Juazeiro do
Norte.
Jacques
destacou que outras cidades brasileiras que contam com recursos financeiros,
rede de atendimento e estrutura acadêmica semelhantes aos do municÃpio cearense
conseguem oferecer serviços de saúde de melhor qualidade. O subprocurador-geral
ressaltou que os municÃpios são os principais "atores" no
atendimento, pela proximidade com a população, mas que os Estados e a União são
também responsáveis pela saúde.
"Um dos problemas enfrentados na saúde é que a Justiça joga para os municÃpios obrigações de outras instâncias", disse.
"Um dos problemas enfrentados na saúde é que a Justiça joga para os municÃpios obrigações de outras instâncias", disse.
A
secretária de Saúde de Juazeiro do Norte, Marcleide do Nascimento, destacou as
dificuldades enfrentadas pela gestão para atender ordem judiciais, que, em
alguns casos, têm prazos curtos de cumprimento - de 24 horas, por exemplo.
Rafael Rayol propôs aos operadores de Direito que exijam dos médicos e
pacientes que apresentem justificativas técnicas para a escolha de tratamentos
e medicamentos não cobertos pela rede pública, antes de ingressarem com ações
na Justiça ou no julgamento de ações do tipo.
Entenda o caso - Em fevereiro de 2015, o MPF em Juazeiro do Norte propôs ação civil pública contra a prefeitura do municÃpio, Estado do Ceará e União, requerendo a nomeação de um auditor judicial para supervisionar todas as decisões da Secretária de Saúde da cidade, incluindo as ordenações de despesas, e para elaborar um plano de ação. A Justiça Federal atendeu o pedido do MPF. "O plano vai garantir um serviço mÃnimo adequado para a população, porque hoje está um colapso total", afirma Rayol.
O seminário promovido nessa terça-feira é etapa integrante da elaboração de plano de trabalho que visa corrigir irregularidades envolvendo a prestação do serviço de saúde à população do municÃpio. Durante o perÃodo da auditoria, a prefeitura de Juazeiro do Norte fica impedida de fazer qualquer movimentação financeira de verbas da saúde sem autorização prévia da auditora.
Assessoria
de Comunicação Social
Ministério
Público Federal no Ceará