Fica fácil culpar a 'neguinha', diz mãe de presa após morte de italiana em Jeri
Foto: Ricardo Borges/Folhapress |
Ela foi
encontrada morta, no dia 25, estrangulada, em Jericoacoara, no litoral
cearense. Mirian, que viajava com Gaia, cumpre prisão preventiva por 30 dias,
por contradições em seus depoimentos, segundo a polÃcia.
“Tentei
falar com ela por telefone, mas dizem que não podem passar a ligação ou
recados. Os policiais viram uma neguinha, pobre, turista e ficou fácil colocar
a culpa nela”, disse Valdicéia ao jornal Folha de São Paulo, na edição deste
sábado (03/01).
“Se
fosse minha filha morta, será que a italiana estaria presa? É racismo. A
delegada disse que vai manter minha filha presa até que ela colabore. O que
significa isso? Querem forçar ela a confessar um crime que sei que nunca
faria”, completou.
O
jornal Folha de São Paulo não conseguiu localizar um representante da polÃcia
cearense para comentar o assunto.
A
última vez em que falou com Mirian, no Natal, a filha fez um pedido de oração.
“Ela me disse: mãe estou muito mal, uma amiga minha morreu. Ore por mim e pela
alma dela. Eu vou agora em um centro espÃrita rezar por ela também”, relembrou.
Estudante
de doutorado no Instituto de Microbiologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro), Mirian morava sozinha desde os 20 anos, quando passou no
vestibular do curso de QuÃmica, da mesma universidade.
Até os
29 anos, morou no alojamento da UFRJ, voltado a alunos de baixa renda. Há dois
anos, passou a dividir apartamento com Raquel Albuquerque, 27, colega do curso.
“Ela me
convidou para viajar, mas eu estava sem dinheiro e não fui”, disse Raquel.
De
acordo com a amiga, enquanto prestava depoimento, Mirian chegou a conversar com
ela por mensagem de celular. “Ela me disse que na véspera do Natal estava
esperando a Gaia voltar para Jericoacoara para irem até Canoa Quebrada, mas
Gaia não apareceu, nem para jantar”, afirmou.
“A
prenderam por causa da cor da pele. A única coisa que pesa contra ela é o fato
de ser negra. É uma discriminação.” Até o momento, Mirian ainda não constituiu
advogado.
A
professora Maria Bélio, orientadora de Mirian na UFRJ, disse que a universidade
está em contato com defensores públicos em Fortaleza, que devem assumir o caso.
“É uma
aluna aplicada, estudiosa. Sabemos que pela Ãndole da Mirian, jamais cometeria
um assassinato.”
Com informações da Folha de São Paulo