Cultura popular de luto - Morre o Mestre Antonio Aniceto
A cultura popular
perdeu um dos seus mais legÃtimos representantes. Faleceu nesta manhã (12/01),
em um dos leitos do Hospital Regional do Cariri (HRC Antônio José Lourenço da
Silva, 82 anos, Mestre Antônio Aniceto, primeiro pÃfano da Banda Cabaçal dos
Irmãos Aniceto. Ele estava internado desde o natal passado em consequência de
um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A doença afastou o mestre das comemorações do Dia de Reis ocorridas no último dia seis de janeiro, na Praça da Sé, em Crato. A Banda dos Irmãos Aniceto, todavia, não faltou ao evento. O músico Joval, que integra o grupo, ocupou o microfone para falar em nome de todos e lembrou a ausência do Mestre Antonio, que se encontrava internado, ”mas logo,logo, vem participar de outras festas com a gente”.
De acordo com boletim emitido pelo HRC, o quadro clÃnico de Mestre Antônio havia evoluÃdo para a forma hemorrágica da doença, sendo agravado por insuficiência renal aguda. Mestre Antônio vinha recebendo cuidados paliativos, quando se esgotam os limites tecnológicos para qualquer intervenção médica possÃvel. Os médicos, inclusive, já haviam conversado com familiares no sentido de comunicar que o quadro de saúde do paciente era inalterável.
O folclorista e dramaturgo Cacá Araújo lamentou a morte do Mestre:
“Estamos todos de luto! O Mestre Antonio Aniceto tinha em si a riqueza de uma ancestralidade que resiste mantendo viva e pulsante a arte tradicional popular. ExÃmio pifeiro, imitador de bichos e brincante performático sem igual, fazia par com seu irmão Mestre Raimundo Aniceto na condução da banda cabaçal mais famosa e respeitada do Brasil, também integrada hoje pela terceira geração representada por Adriano, CÃcero, Joval e José Vicente, e já tendo uma bandinha mirim. Com sua morte, perdemos um dos mais vibrantes e brilhantes Ãcones da cultura popular, um patrimônio imaterial reconhecido que deixa valioso legado musical e exemplo de homem de coração generoso”.
O corpo do Mestre Antônio vai ser velado em sua residência localizada no bairro Gisélia Pinheiro (Batateiras), periferia do Crato. Amanhã, o corpo permanecerá por algumas horas no Centro Cultural da RFFSA para as últimas homenagens do grupos de tradição popular. Em seguida, será sepultado no cemitério de Crato.